quinta-feira, 12 de julho de 2012

CAPITÃES DA AREIA

Jorge Amado deve ter se revirado em seu túmulo durante todos os 96 min de duração do longa, e se perguntado porque sua neta, a diretora do filme, CECÍLIA AMADO fez isso a sua compacta e tão renomada obra.

Os pontos negativos começam logo pela escolha, no mínimo, regular dos atores mirins. A inexpressividade de JEAN LUIS AMORIM na pele do protagonista Pedro Bala é de dar asco, sem contar as atuações de ANA GRACIELA e generalizando todos os outros capitães. Talvez essas atuações sofríveis se devam à falta de pulso na direção e isso talvez deva-se a falta de experiência de CECÍLIA.

Pedro Bala (Jean Luís Amorim), Professor (Robério Lima), Gato (Paulo Abade), Sem Pernas (Israel Gouvêa) e Boa Vida (Jordan Mateus) são adolescentes abandonados por suas famílias, que crescem nas ruas de Salvador e vivem em comunidade no Trapiche junto com outros jovens de idade semelhante. Eles praticam uma série de assaltos, o que faz com que sejam constantemente perseguidos pela polícia. Um dia Professor conhece Dora (Ana Graciela) e seu irmão Zé Fuinha (Felipe Duarte), que também vivem nas ruas. Ele os leva até o Trapiche, o que desencadeia a excitação dos demais garotos, que não estão acostumados à presença de uma mulher no local. Pedro consegue acalmar a situação e permite que Dora e o irmão fiquem por algum tempo. Só que, aos poucos, nasce o afeto entre o líder dos Capitães da Areia e a jovem que acabou de integrar o bando.


O filme tenta trazer consigo a identidade da Bahia, através da capoeira, da sensualidade e do sincretismo religioso, bem mesclado entre o catolicismo e o candomblé. Analisando os fragmentos primeiramente temos as cenas de capoeira mal coreografadas, o que acaba por tirar a naturalidade dessa arte tão baiana, mais a frente temos a sensualidade, essa que a neta de Jorge Amado pouco conseguiu transpor do livro para longa. E por último temos o sincretismo religioso, esse sim ficou bem marcado na produção, o longa consegue transmitir para o público a fé e o sincretismo não só dos Capitães, mas da Bahia como um todo.

A produção, ainda assim, não é de todo ruim, pois tirando todos os pontos negativos ainda nos restam a boa transposição do sincretismo religioso, a trilha sonora de qualidade e também uma boa fotografia. As atuações, a pesar de sofríveis, não são tão lastimáveis, já que os atores são ainda adolescentes, e podem trabalhar para melhorar, o que pode ser fundamental para o cinema nacional no futuro. Vai que um deles se torna o próximo Wagner Moura da telona. À aqueles que ainda não conferiram o longa e não leram a obra de Jorge Amado, eu aconselho que primeiro vejam o filme e depois leiam a obra. E mais, não me arrependo de ter visto CAPITÃES DA AREIA, a pesar de ficar muito aquém do que é livro, é sempre bom valorizar o cinema nacional, mesmo em seus deslizes.



Nota: 5,5
Título Original: Capitães da Areia
Ano/País de Origem: 2011/Brasil
Gênero: Drama
Direção: Cecília Amado
Roteiro: Cecília Amado e Hilton Lacerda
Elenco: Jean Luis Amorim, Ana Graciela, Robério Lima, Paulo Abade, Israel Gouvêa, Ana Cecília, Marinho Gonçalves, Jussilene Santana
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E você cinéfilo, o que achou desse longa? E da estréia de Cecília Amado na direção?

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